Uma vida menos traumatizante
Saudade de ficar banguela e passar a língua entre os dentes, de mexer quando ele estava meio mole, torcendo pra cair em vez de minha avó amarrá-lo com barbante e bater a porta.
Um a um vou curando os traumas de infância, o medo da rejeição, de esquecerem de mim no pátio da escola, de ficar igual uma entrega na frente do portão esperando alguém me buscar.
Um a um vou perdendo o medo de ninguém me abraçar.
Vou deixando pelo caminho a bagagem.
Cada noite foi ficando menos pesada.
Cada manhã com mais brilho de sol.
Dia após dia estas paredes vão se tornando um lar.
Pouco a pouco fui entendendo que família pode ser algo bom.
A gente se torna adulto pra aprender palavras bonitas como ressignificar.