Nossa vida será um antes e depois da pandemia?
Uma vez no presente de futuro incerto, remoa o passado.
Até onde sei, nenhum grande pensador (homem branco cis do hemisfério norte) disse isso, mas é o que estou fazendo.
Peguei os cadernos-diários-bullet-journals-seja-lá-o-nome-mais-adequado-para-isto dos anos anteriores para organizar com os que escrevi em 2020, de março a julho, também conhecido como o período de distanciamento social. 4 meses e 11 cadernos depois, este é o resultado:
Abri o primeiro caderno da pilha do passado e comecei a ler. Escrevi na primeira página: O dia não teve importância alguma. Mas é importante registrá-lo. Porque aconteceu. Rezo por dias em que não tenha que me questionar qual o sentido da vida. Tenho um querer incerto.
Nessa época eu tinha faculdade e estágio, porém dizia não ter acontecido nada de importante. Agora ouço a vida gargalhando em meus ouvidos. Apesar de quatro meses dentro de casa devido uma pandemia, sinto mais esperança em 2020 do que fui capaz de sentir em 2017. Eu precisei de tempo para entender que sentido não é algo que se encontra, mas se constrói. Afinal, as aulas de semiótica e as horas de psicanálise serviram para alguma coisa. Por enquanto, o passado continua embaralhado, esperando eu mexer nele: