Sempre cabe mais um, nessa lata de sardinha.

Gabi Blenda
1 min readDec 3, 2019

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Disse o conbrador do ônibus. Enquanto isso, eu pensava como chegar em casa e fazer o que é importante para mim, conforme recomendava o livro indicado pelo chefe. Eu não tinha mais disposição no estoque. Na rua desde a matina, quatro ônibus depois do trajeto casa-trabalho-casa.

Como encontrar energia para fazer poesia? Discurso é mesmo uma coisa perigosa. Quem vai pensar em propósito com os boletos em atraso? Propósito paga salário? “Faça o que você ama.” Eu amo poder ir no dentista todo ano; fazer revisão, limpeza, colocar flúor; e não sentar na cadeira apenas quando o dente precisa ser arrancando, por adiar a despesa do tratamento odontológico.

Como encontrar tempo para fazer o que importa? Estou em pé, enlatada, como a sardinha mencionada, dividindo oxigênio com quem nem tenho intimidade. Já repararam na plaquinha que tem nos ônibus, de limite de passageiros sentados? Aquilo é algum tipo de piada. Pobre desafia diariamente as leis da física. Dois corpos ocupam o mesmo espaço, duas bocas dividem o mesmo prato. Rico é que não entende a verdadeira matemática da vida.

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Gabi Blenda
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