Reflete
Meu avô colocou na parede da sala minha foto de quinze anos. Minha tia disse que ajudava a espantar moscas.
Com dez anos, na quarta série, eu trocava de camisa no banheiro das meninas, provavelmente depois de uma apresentação na escola. Uma colega me disse: Você é gordona.
Eu não me permiti esboçar nenhuma reação e respondi: eu sei, para o assunto morrer e desviar a conversa. O problema é que o assunto não morreu. Até hoje a palavra gorda repercute em mim.
Esta semana a beleza de uma colega foi pautada na reunião de trabalho. Fiquei pensando o quanto de sua autoestima, assim como a minha, foi construída ao redor do corpo.
Será que eu sei que sou bonita? Será que ela sabe que é inteligente? Ou tentamos preencher a falta com dietas e pós-graduação?