rebuliço
é, mas não é loucura isso que sinto isso que sou.
é minha sensibilidade que precisa, como um filtro, ser purificada, pra deixar fluir a água o rio que me atravessa.
é minha sensibilidade emoção aflorada sentidos inchados largos como poros gigantes buracos negros que em vez do espaço decidiram morar no meu corpo tátil frágil finito.
minha sensibilidade, aguda
fina como sino
leve como nuvem
azul como sol.
transcrevo palavras traduzo emoções em algo perceptível para o outro
visível a olho nu ou microscópio
depende se prefere lua ou luneta
depende do interesse na vida particular dos micróbios.
defendo protejo minha alma minha mágica
ajoelho perante a vida
faço asanas como quem diz toma, cuida de mim
renuncio ao que é seu
o controle que nunca tive
deixo você me levar pelo caminho
me guia
que vou reparando na paisagem.
às vezes cinza às vezes rosa
enxergo o incolor
aprendo o que não sei
amor
limpo a lente
procuro o manual
junto os parafusos
pego alicate fio linha
pratico marcenaria pra construir um lar
casa de repouso
asilo de almas
afinal, você vem morar?