Rascunhos da madrugada
Pensamos que nunca mais voltaríamos à barbárie.
No entanto, aqui estamos.
Trancafiados em casas que não parecem um lar.
Longe das pessoas que amamos.
Eu considerava O Diário de Anne Frank uma realidade distante.
Tão distante que a leitura nem me interessava.
Hoje estou aqui, anotando na minha lista de tarefas diária.
Eu ainda mantenho uma lista de tarefas, mesmo confinada.
Porque sou uma neurótica obsessiva.
E estou tentando escrever uma história que não tem nada a ver com esta época da minha vida, mas com outra, a que antecede esta.
O que me faz perceber que só daqui a um tempo, no futuro, é que vou conseguir dar conta do que estou vivendo agora. Então nem adianta me cobrar para escrever algo condizente com o futuro pós apocalíptico que estamos vivendo.
Agora terei que escrever poemas de amor para zumbis?
Parece coerente, visto que fui incapaz de manter um relacionamento estável com qualquer ser humano.