Poema da meia noite

Gabi Blenda
1 min readMay 23, 2020

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Hoje eu queria estar com alguém.
Aceitaria qualquer um, pra aplacar a solidão.
Desfilaria pela casa com lingerie bonita, batom vermelho, solução vulgar e barata, tipo jantar fast food.
Esta noite eu aceitaria dormir ao lado de um estranho, diante o espelho.
Porque esperar cansa e deve ter gente interessante por aí.
Estou sentada no sofá, aguardando a meia noite, como se fosse ganhar um presente de Natal. Mas você não aparece pela janela.
Minha vida tem sido uma longa espera, por isso ocupo as mãos com um drink, enquanto você não surge pra aquecer meus dedos.
Não sou uma bêbada divertida, fico introspectiva, vou embora das festas sem me despedir dos amigos.
Mas é uma noite fria e não tem ninguém aqui.
Ouço músicas antigas sozinha.
Eu estou bem, obrigada.
Me mantenho entretida.
Apesar de sentir muito, mesmo, a sua falta.
Falta do nosso olhar cúmplice no almoço de domingo,
de conversar com sua família.
Descobri um poeta novo, que virou meu favorito.
Ocupo o tempo com versos, mas queria você sussurrando poesia em meus ouvidos.
Me fazendo entrar em delírio, em plena luz do dia.
Dedos esticados, pele arrepiada, nervos fora de controle,
palavras incógnitas, segredos decifrados com uma interjeição.
Queria você dividindo o colchão comigo.

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Gabi Blenda
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