O que você tem feito esses dias em casa?

Eu não faço ideia de que tipo de pessoa você é numa pandemia. Para ser justa, essa é uma situação que ninguém sabe a resposta, até que chega o seu momento histórico de descobrir.

Sem beijo, sem abraço, sem aperto de mão.

É o lema do noticiário local. Em resumo, uma vida triste. Não que eu vivesse tudo isso antes, mas a possibilidade de fazer já era o bastante.

A iminência de um vírus contagioso põe a vida em perspectiva. Eu sei que um romance não é a solução dos meus problemas. Mas, caso haja vida humana após a pandemia, seria legal um encontro, ao vivo e a cores, com todas as inocentes bactérias que vivem no interior e na superfície de um corpo. Quase aceitando entrar pra turma do “Vamos? Vamos!”, qualquer que seja o lance. Do funk ao arrocha. Do litrão no bar da esquina até palestra motivacional.

A minha resposta para a pergunta é: escrevendo cartas de amor que — talvez — nunca serão entregues.

E você?