Ninguém se importa com o seu álbum predileto
Dizer que tive um dia ruim seria exagero. Mas teve uns altos e baixos que eu não esperava. Se eu tivesse saído de casa mais cedo, pego outro ônibus em vez daquele… Eu não encontraria pessoa x, não ficaria sabendo da novidade y, não sentira emoção z. Escrevi um texto com riqueza de detalhes sobre o evento, mas a verdade é que ninguém se importa. Não se importam com o óleo destruindo o litoral brasileiro, quem dirá com o que acontece comigo e como me sinto.
Fazer as pessoas se importarem é um negócio difícil. É por isso que publicitário ganha tão bem, dizem.
Por que a vida, sob minha perspectiva, seria mais interessante? Por que alguém deveria ler o que escrevo? Nem minha melhor amiga gosta. Ou talvez ela só não mereça ocupar esse cargo.
A verdade é que são muitas versões da mesma história. Talvez o advogado salafrário esteja certo e a verdade é só uma forma de interpretar os fatos. Eu gosto dessa confusão das bordas. De perder a noção do limite. De encarar as coisas de uma forma perigosa. Mas eu não sou assim, divertida, na maior parte do tempo. Só quando sirvo à sociedade.
Talvez a melhor parte de mim não seja comercializável. Não se torne um livro na prateleira da livraria, uma canção num disco. Eu queria saber como era a vida antes do lucro e da mercadoria.
