Memória
1 min readAug 19, 2020
Quando ele chegava em casa
era só esbravejo.
Acuada, corria para o quarto
e chorava debruçada sobre os cadernos.
Os gritos, como um alarme
disparavam o mecanismo de defesa dela
e sua mente transbordava pelo olhar.
Era só tristeza o riso torto da menina.
Nos assentos dos ônibus
levava a ferida emotiva
enquanto admirava o dique
escrevia poemas para se libertar.
Nunca disse em voz alta
que precisava de afeto
quando ele chegava em casa
nervoso e estressado
depois de um dia de trabalho.
Dele só poderia esperar o pão.