Zona de risco
Uma maldita foto no Instagram não mostra que estou surtando. Já tive colapsos nervosos antes. Sei onde estou. Sei como é estar à beira de um penhasco. Mas desta vez também sei voltar um passo, jogar o corpo pra trás, provocar um impulso que me atire pra longe. Ainda assim, é foda. Aquele poeta que falou sobre o abismo encarar de volta é a pura verdade. Não encare por muito tempo. Não arrume briga com alguém maior que você. Não provoque a imensidão.
O que fazer da madrugada se pela manhã a chuva inunda o meu quarto. O que fazer com esta vida, enquanto não arranjo um sentido pra ela e pra mim. Eu imploro que dancemos juntas. Ela retribui o meu afeto na mesma medida. Vai me tratando como eu me trato e o meu jeito de lidar comigo é um lixo. Ruim pra cacete. Uma mistura de dor de dente, corte na pele, beijo sangrento. O caos não é só externo. Julgo os discos pela capa, sim. Não aguento mais ver uma branca magrela exaltando a nudez, se sentindo a própria Eva. Não aguento mais carregar tanta culpa.
Falta algo em mim, em você, em todos. Aceita logo e me tira daqui. Ultimamente nem a paisagem está salvando. Conto com as amostras grátis, porque não tem delivery por aqui.