inquebrantável

esta obra está escrita
em minhas vísceras
mistura heterogênea
melada de petróleo e mar
minha cantiga de ninar
é a raiva que você expele
me deixo contaminar
borrar as fronteiras da pele
acumular teus fluidos
mucos
o amor vive entre o escarro e o gozo
exame de colonoscopia
canal dentário
sentada na maca
esperando alguém te perfurar
e quem dera eu estivesse falando
de orifícios físicos
eu gosto da raiva que você expele
combina com meu corpo passivo
minha alma agressiva
eu gosto de você
raio de cão
filho da égua
onde judas perto as bocas
as botas
os modos
de ser e estar
não se repete na gramática das estrias
na penugem de teus lábios
mor fi na
que me dopa em horário comercial
que me vicia e revira os olhos
que me descongela
derretida
me dê forma torta
mal di ta
capenga
esconde um vulcão no coração
lavas que correm nas veias
alguém me tira daqui
a realidade estapea minha cara
alguém não me acorda daqui

alguém

alguém

alguém