Grito
1 min readSep 29, 2020
Nunca mais falei palavras obscenas como eu te amo.
Nunca mais pratiquei vulgaridades como o júbilo.
Agora só uso termos aceitáveis como putrefação.
Nunca mais um gozo.
Nunca mais licença poética.
Nunca mais a carne viva espalhada em páginas, sangue jorrado das veias da alma.
Vivo num redemoinho
sem distinção
entre dia e noite;
onde pássaros habitam sufocados
de galho em galho, num voo mudo.