gostava de enviar e-mail no trabalho…
era o momento do dia que podia escrever.
cuidar da construção de frases.
escolher as palavras.
mudar a posição e reconstruir sentidos.
fora isso,
aceitou selecionar os equipamentos no sistema
e passou a conviver com palavras tipo precificação
e códigos do tipo P2 e BL120.
passou a conviver porque entendeu
que é melhor abraçar a tarefa
e mergulhar a cabeça nela
em vez de se conectar com os próprios sentimentos
sempre sem razão, pouco previsíveis, nada calculáveis.
tomou calmante antes de dormir, desta vez por escolha própria.
acordou conseguindo respirar profundamente e sem dor nos ombros.
marcou psiquiatra para o mês seguinte, desta vez por vontade própria.
depois de anos de análise, já conseguiu entender que precisa de um suporte extra para cuidar de si mesma.
não era carência, e sim falta de antidepressivo.
se perdoa por piada com assunto tão sério.
mas, de fato, o cuidado que esperava receber eram os neurotransmissores pedindo socorro, alguém me dá alguma substância química!
então, em vez de chocolates, cigarros e álcool: tarja preta.