desde que o samba é samba
Listou mentalmente lugares para chorar no emprego, enquanto subia as escadas de emergência. Esse seria um bom lugar, se as luzes automáticas não acendessem e espantassem o breu.
Em vinte minutos esquentou a comida, comeu e lavou a louça. Que vida triste, foi o seu pensamento de sobremesa. É a vida possível, respondeu a outra voz da sua cabeça, porque a análise está em dia.
Recebe demanda e pesquisa referências de influencers, agências publicitárias, a internet é a nova tv.
Talvez esteja se cobrando ser uma dessas pessoas. Talvez esteja querendo ser grande, para disfarçar a sensação de pequenez. Talvez não se trate de aceitar a própria pequenez, mas de aceitar o próprio tamanho. Viver sem sem se cobrar de ser algo ou conquistar algo.
Ultimamente, tudo o que tem desejado é estabilidade emocional e financeira. Já parece um luxo ter transporte e comida na mesa. Sua lista de necessidades estava cada vez mais alta. Gostava de fazer listas. O que faria se ganhasse na loteria…
Coloca uma música triste para enfrentar a uma hora e meia de horário de almoço — e resiste à tentação de ficar em posição fetal. Ninguém que conhece é feliz no trabalho, porque ela haveria de ser?