Daquele jeito
A realidade me assusta e eu fujo. Saio correndo de empregos, amizades, pseudo relacionamentos. Eis a minha deficiência. Amar demais a perfeição. Não há poesia em ferir o corpo por não atender à expectativa. Não há poesia em uma sacola cheia de remédios tarja preta. Fico acordada à noite, com a presença artificial de quem está do outro lado da tela. Não ensinam o que importa na escola: autoestima, educação financeira, niilismo. Adolescentes deveriam ler mais Nietzsche. Estou com a música de um cantor pop na cabeça. Porque era isso o que eu lia na adolescência: fanfics. Me acostumei a transar mentalidade com ídolos. Isso é difícil de superar. Os garotos do meu bairro não chegam nem perto disso. O plano de fundo do meu celular é de um cantor britânico. Se eu fosse mais patriota colocaria de um cantor de funk. É que ainda preciso aprender como se dança quadradinho de oito. Agora estou solteira e ninguém vai me segurar.