Cocô
M. tem uma viagem marcada para o Japão e decidiu passar a última semana se despedindo do melhor que a culinária brasileira tem a oferecer: croquetes. Queijo, presunto, camarão, bacalhau, carne seca, frango com catupiry, doce de leite, brigadeiro, creme e romeu com julieta.
Tanta farinha branca tem um único fim: constipação intestinal.
Como medida de prevenção, comprou todos os laxantes disponíveis nas cinco farmácias ao redor de sua casa. Nada. Nem um efeito. Nem um leve arrepio, um visgo de suor escorrendo da testa, um tremor do intestino avisando que é hora de correr para o banheiro.
A humilhação de chegar na emergência dizendo que precisa de ajuda para defecar só não é maior do que a possibilidade de se cagar inteira no avião, um pesadelo que a atormentava todas as noites.
M. cedeu à pressão e deu entrada no hospital. Estava na maca, vestindo uma camisola numa cor que não favorece a sua paleta de cores inverno profundo. Ela estava prestes a tirar um cochilo quando um homem com os dois braços tatuados surge à sua frente, segurando uma prancheta. Ele parecia um mestre cervejeiro, com um físico de quem frequenta a academia, pelo menos 3x na semana…
Continua?