Ano novo, enquanto tomo nescau.

Gabi Blenda
1 min readJan 3, 2020

--

Madrugadas são difíceis. Ninguém pra conversar. Nenhuma sugestão da Netflix agrada. Sem atualizações no Twitter, nem Stories pra visualizar. Restam o gato mostrando os dentes pra algum fantasma e a música triste no Spotify. Solidão preenchida.

O livro, supostamente esotérico, que leio disse não haver magia pras coisas mudarem. Esse é o tipo de motivação que recebo pro ano novo, que destrói as ilusões antes de se infiltrarem no teto e fazer tudo desabar. Em vez de admitir meus sentimentos, comi tudo o que tinha na geladeira.

O mais triste de não ganhar na mega da virada é voltar pro trabalho no dia seguinte. Eu nem tinha grandes expectativas de fato, recebi dois mil e vinte com roupa de dormir, carregando o gato assustado com os fogos. Mas fiz planos verdadeiros com o dinheiro. Eu e duzentos milhões de brasileiros.

Mágica — deve ser por isso que Harry Potter é tão popular. Os poderes da varinha não impedem a perda da família, nem o inimigo mortal, mas pelo menos você não precisa lavar a louça ou arrumar a cama, basta dizer o feitiço.

Não existe mágica pro que importa. O livro esotérico recomenda: “Pratique o que aprendeu, pelo tempo que for necessário.” Já está me custando manter as esperanças por três dias. Imagine por 363 — bendito ano bissexto!

--

--

Gabi Blenda
Gabi Blenda

No responses yet