Amor e outras ficções

Gabi Blenda
1 min readMar 11, 2020

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No momento estou ocupada, tente me ajudar outra hora. Eu sei que não vai adiantar. Nada vai resolver esta vontade de gritar, quando encosto a cabeça no travesseiro. O que tenho sufocado aqui dentro? Estou incomodada com a mensagem que não recebi, mas que atingiu em cheio. Eu poderia escolher palavras melhores. Eu sempre poderia fazer mais e melhor, porém superei essa fase. Hoje o cansaço fala mais alto. As madrugadas são dos infelizes, gente doente demais pra adormecer com tranquilidade à noite. A vontade de gritar não passa. É minha companhia na cama. Descobri o motivo da minha solidão. Realidade demais me assusta. Então me afasto de qualquer chance. Me agarro a fantasmas de relacionamentos que nunca existiram. Nem poderiam. Eu sou real demais. Meus defeitos, é isso que estrangula por dentro, estampados na minha cara, pele, barriga. Nos meus limites de compreensão da realidade, na negação em aceitar que, afinal, é isto a vida, nada demais, uma insignificância. Logo eu, que busco sentido pra tudo. É banal viver às quartas-feiras e também nos outros dias da semana. É banal e esse é o segredo. Mais um ônibus, mais um mês, outra conta pra pagar. Este é o adeus sincero de quem vive esperando poder dizer: amanhã não volto mais.

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Gabi Blenda
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