amiga das horas, prima-irmã do tempo
aquela música de alceu valença tocando sem parar na minha cabeça, como a caxinha de música que minha tia ganhou do namorado.
quando eu era criança, flagrei eles se despedirem com um beijo na boca no portão da casa de minha avó.
parece que já escrevi tudo o que eu tinha a dizer.
quem lê?
quem escuta?
quem se importa?
quem entende?
E faz nossos relógios caminharem lentos,
fiquei sem companhia até das palavras.
até ela atravessaram a porta e eu aqui, neste naufrágio. remando em volta aos escombros. dando uma de tom hanks, nomeando bola, bicho de pelúcia, fazendo amizade com as paredes. criando raízes para não morrer na superfície. preferindo afundar na umidade a morrer seca no chão.
causando um descompasso no meu coração.
pensei em usar subterfúgios, stalkear um perfil ou dois no instagram.
mas isso seria abraçar a âncora, então continuo boiando. mas aqui em cima falta ar.
A solidão é fera…
vai fazer um brigadeiro, tomar um banho:
queima a resistência do chuveiro
quebra o abridor de latas
pagamento só em 40 dias
sem crédito na praça.
A solidão devora!