É o que tem pra hoje
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É curioso, sem dúvidas, seu exercício de imaginação. Mas.. o que é esse texto? é uma critica aos tempos modernos? às relações de gênero? à arte contemporânea? um deboche à espécie humana? Um estou-sou muito superiora a isso tudo o que está acontecendo em volta de mim?
Não me traz carne osso ânus pus, e eu preciso de corpo e visceralidade pra existir, pra conseguir encostar os pés no chão ao levantar da cama, preciso de dentes e garras à mostra. e inventar uma nova língua pq esse vocabulário alheio não me atende. preciso de céu e carniça, de palato gustativo, de secreções e glândula , de pulsos e impulsos e veias escorrendo sangue com aminoácidos coágulos hemácias mais velozes que atletas na maratona de são silvestre e pilotos da fórmula 1. preciso de ano novo todo dia. de fogo de artificio e festa, e preciso de emoção pra acreditar na razão, preciso sentir pra saber de verdade em qual dos lados da moeda ficam o certo e o errado pq eu só vejo um pião em movimento que gira sem se importar com a pequenez miudeza dos humanos. o universo é uma bola de gude e as meninas deusas brincam com a gente, no chão do quintal de casa de vó com cheiro e sabor de infância. suas peles de algodão doce. sua língua de maça de amor, suas unhas de concha pedra de mar, seu suor de salitro sua língua (profana) de fogo, suas pregas vocais anais anunciam o fim do mundo/ano. e tudo se repete novamente amanhã de manhã, após o cochilo noturno.